2011-02-20

NÃO RESPONDER COM VIOLÊNCIA


Domingo VII - ano A


Depois de uma breve oração, lemos o texto pela primeira vez. As frases que nos tocaram foram: “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste” e “amai os vossos inimigos”. Voltamos a ler o texto pela segundo vez e depois dum silêncio partilhamos.

Só Deus nosso Pai é perfeito. Para nós a perfeição é um ideal. O mais que fazemos é ser justos uns com os outros. Sabemos que na realidade do povo é difícil tratar cada pessoa igual, especialmente os vientes, os que vêm de fora. Eles sofrem discriminação dos outros membros da comunidade e às vezes não podem integrar-se bem.

Nestes “novos” mandamentos de Jesus podemos lembrar o que ele disse no início, “Não vim revogá-los (a Lei e os Profetas), mas levá-los à perfeição” (Mt 5,17). Jesus estava devolvendo à Lei o seu sentido original, de conduzirmos ao encontro com Deus nos irmãos. Obviamente as Leis estavam provocando uma divisão ou até conflito nas comunidades do povo de Deus no tempo de Jesus. Quem obedecia a Lei era “puro” e quem não obedecia era “impuro”.

“Amar o teu próximo e odiar o teu inimigo” neste contexto era normal, até bom. Assim a pessoa identificava-se com o seu grupo. Era muito claro quem era o próximo: os da mesma família, mesma tribo, mesma raça. Os inimigos eram os de fora. Amar o próximo neste contexto foi uma boa medida para manter a solidariedade e comunhão dentro do grupo.

“Olho por olho e dente por dente” pode ser uma maneira de manter este equilíbrio dentro do grupo. A vontade de vingar uma ofensa pode levar o ofendido a exagerar e aumentar a violência. Esta lei pode servir muito bem para controlar a violência e criar um ambiente de respeito mútuo.

Jesus viu que isso não era suficiente para seguir a vontade do Pai. Criar um povo com relações de amor, de perdão e de paz não se faz num dia. Jesus tinha que mostrar um novo e mais profundo caminho. Ele mesmo praticou estes “novo mandamentos” até entregar a sua própria vida por nós.

E os primeiros cristãos que seguiram Jesus fizeram comunidades na base deste mesmo “novo mandamento” do amor. Podemos imaginar os conflitos que isso levantou com o outros judeus da mesma sinagoga. A hostilidade e até violência que os cristãos sofreram pelos seus próprios irmãos levou-os a pôr em prática o que Jesus ensinou. Eles não responderam ao mau com nem o menor nível de violência. Ao contrário, eles amavam os seus inimigos.

Isto é um exemplo de como manter uma verdadeira justiça dentro da comunidade. O seu amor pelos inimigos seguramente levou alguns destes mesmos inimigos a converter-se a Cristo e seguir como membros da comunidade.

Isto também, é uma maneira de viver a reconciliação. As diferenças de cultura, de nível social, de raça, etc. criam tensões.  O desejo de viver na unidade apesar da diversidade leva a procurar maneiras de reconciliar-se.

Vemos esta dificuldade na realidade das comunidades hoje. A rivalidade entre culturas, religiões, partidos, línguas, níveis sociais, etc. pode levar a actos de violência. A tentação de vingar é muito forte e pode levar o ofendido a responder com um nível de violência mais elevado.

Por outro lado, há uma característica do povo de perdoar os inimigos, especialmente quando o mau cometido é fora do sério. Quando alguém sofre um roubo, por exemplo uma mamã que perdeu todos os seus produtos da machamba por ladrões que chegaram de noite, podemos ouvir, “estou agradecido”. É uma maneira de reconhecer que somos pequenos nos olhos de Deus, que somos todos irmãos, que a justiça vem de Deus.

Como religiosos tentamos viver em comunidade e ser exemplo para a comunidade cristã. Não é fácil pôr em prática esta “novo lei” de Jesus. Amar com quem vivemos todos os dias nos pode levar a pensar se estas pessoas são os meus próximos ou meus inimigos. De qualquer maneira amamos com quem fazemos comunidade. Queremos viver a comunhão na diversidade.

Assim como Deus é uma comunidade perfeita de três pessoas distintas, nós também queremos seguir este caminho da perfeição.


autoria deste texto:
Missionários do Verbo Divino, Monapo

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