2011-02-01

SAL: HUMILDE, FUNDIDO, SABOROSO

Domingo V - ano A

Dando seguimento ao evangelho do domingo anterior, hoje Jesus quer nos mostrar a identidade do seu discípulo. “Vós sois o sal da terra. Mas se o sal se tornar insosso, com que o salgarão?... Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada no alto de um monte. Também não se acende uma lâmpada para a pôr debaixo do alqueire, mas no candelabro para que ilumine todos os que estão na casa. Brilhe assim a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” Cf   (Mc 4,21; Lc 8, 16ss).

Aqui Jesus explica detalhadamente a identidade e o empenho do seu seguidor e quais são as obras que glorificarão Deus. Como o próprio Cristo, o seu discípulo deve ser sal da terra, luz do mundo e cidade visível no alto de um monte (lembremos aqui a cidade de Jerusalém, situada sobre o monte Sião). Estas três imagens convergem numa direcção: testemunho pessoal da vida cristã ao serviço dos outros.


E se falar do sal: ele é um elemento familiar em qualquer cultura usado para dar sabor à comida. Antes da era moderna ele era o único meio de preservar da corrupção os alimentos, particularmente a carne. Mas na cultura bíblica, o sal significa também sabedoria da vida, que consiste em conhecer e cumprir a vontade de Deus, expressa na sua lei. O cristão sendo o sal da terra, deve possuir a sabedoria de Cristo e o conhecimento do reino de Deus pela fé na palavra do evangelho.

O sal se torna então um símbolo importante para centrar a missão do discípulo de Cristo na sociedade em que vivemos. O sal por si mesmo tem um papel importante na arte culinária, ele se dissolve por completo nos alimentos e desaparece dando um sabor agradável. A sua presença discreta quase não é percebida; porém, a sua ausência não se pode dissimular. Essa é a sua condição: passar despercebido, mas actuando eficazmente.

Eis a obrigação do cristão: ser sal da terra, sal humilde, fundido, saboroso, que actua de dentro, que não se nota, mas que é indispensável. Feliz responsabilidade a nossa: descobrir o rosto autêntico e a face oculta de Deus, ser o sal e o sabor da vida, ser graça festiva, ser esperança e optimismo para o tédio e o aborrecimento da existência. Sublime tarefa do cristão: espalhar sem ostentação a riqueza de uma vida cristã interior fecunda e ao serviço dos outros. Assim cada um de nós deve perguntar-se como podemos hoje colaborar e em que medida temos de oferecer os talentos recebidos de Deus a um mundo que precisa desesperadamente das nossas “boas obras”, como o sal e a luz, para conhecer e bendizer a Deus, o Pai de todos que está no céu.

Não podemos perder o sabor e a luminosidade cristã diluindo-os em palavreado, ou em meras práticas piedosas. Se as pessoas virem a nossa fé religiosa e a nossa conduta para a fraternidade e o amor, reconhecer-nos-ão como portadores da luz de Cristo e glorificarão o Pai. Como o sal e a luz, a nossa fé e condição cristã não admitem meios-termos: ou transformam e iluminam a vida, ou não servem para nada.

Transforma, Senhor, as nossas trevas em luz                                                
A nossa noite em dia, para que irradiemos alegria e paz
Esperança e optimismo no meio do tédio da vida.

Que a tua palavra seja luz no nosso caminhar.
Ajuda-nos com a tua graça e transforma-nos com o teu Espírito
Para que não guardemos para nós o teu sal e a tua luz. Amem!

Autoria deste texto:
Irmãs Missionárias do Espírito Santo, Itoculo

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