2010-12-26

FAMÍLIA É GRAÇA DE DEUS


Domingo da Sagrada Família 
Sejam quais forem as discussões sobre a historicidade dos Evangelhos da Infância, o facto é que Mateus utiliza um género literário estranho à nossa mentalidade moderna. O evangelista descreve os acontecimentos como realizações anunciadas no Antigo Testamento. Ele divide o seu Evangelho em cinco partes assinalando, assim, o Pentateuco de Moisés, nesta sequência Jesus aparece como quem completa a lei mosaica.
O anúncio do nascimento de Jesus a Herodes faz-se em circunstâncias idênticas àquelas que circundam o anúncio do nascimento de Moisés a Faraó. Diante desta notícia, Faraó manda matar os primogénitos recém-nascidos dos Hebreus - Herodes ordena a exterminação dos primogénitos de Belém. Moisés escapa ao massacre e foge para o estrangeiro - Jesus escapa ao massacre dos inocentes e foge para o Egipto. José é chamado a regressar à Palestina, com Maria e o Menino, nos termos semelhantes aos que foram empregues pelo anjo, para chamar Moisés a regressar ao Egipto. Este modo de narrar a história de Jesus utilizado por Mateus, ilustra bem seu propósito de mostrar que Ele é o Messias anunciado pelos patriarcas e pelos profetas.
O tempo da Igreja é então anunciado no tempo de Jesus. Constatamos que todos os dias haverá cristãos que tomarão o caminho do Egipto, para fugir dos que poderão querer fazer morrer o Cristo que neles se perpetua.
Hoje é festa da Sagrada Família, Jesus Maria e José. Ao celebrar esta festa, após a Solenidade do Natal, a Igreja nos dá um grande ensinamento sobre a importância da família em nossa vida cristã e social. Hoje, numerosos cristãos dão graças a Deus pelo dom da família, uma família segundo os desígnios do Seu amor. Ele próprio que quis ser Família!
Desde as origens, Deus nos criou homem e mulher, esposo e esposa, pai e mãe. Depois do pecado original a família entrou em desarmonia. Contudo, Deus salvou-a enviando Jesus nascido de uma família, restaurando e reafirmando, desta maneira, o seu compromisso de agir no mundo por intermédio da vida famíliar.
Provavelmente, não conheceremos nunca neste mundo os motivos que levaram Deus a dar à vida em família um lugar tão central na sua criação e na sua redenção. Mas nós poderíamos pelo menos enumerar alguns:
Um dos motivos importantes é de nos mostrar que a vida humana, é um dom precioso e que vem directamente de Si. Ninguém pode produzir uma vida humana sozinho como se fosse um artista produzindo uma pintura, ou um pedreiro levantando um muro. A vida humana provém da união de um homem e de uma mulher, união na maioria das vezes agraciada pela concepção de um filho.
A vida humana em família é graça de Deus, é uma realidade que se nota na primeira leitura. O autor sagrado elogia a vida familiar, sublinhando o amor, o respeito e protecção entre os membros da família, como condição essencial para o crescimento e harmonia dos mesmos, ainda que seja em circunstâncias difíceis. Importa que procuremos mais, o que fortifica a família como lugar privilegiado onde cada membro encontra espaço sagrado para responder com grandeza de alma aos apelos de Deus, da Igreja e da sociedade.
Nenhum de nós é produto da ciência ou da sorte, ou mesmo resultado de um engano ou um acidente. Somos filhos bem-amados de Deus, chamados a viver eternamente com Ele. Eis a razão pela qual a Igreja se mostra intransigente em questões da genética e da dignidade humana. Somos criados à imagem e semelhança de Deus. Quando insistimos sobre a dignidade da vida humana, queremos referir todo o ser humano a partir do seu estado fetal. Esforcemo-nos por reflectir seriamente sobre o nosso modo de nos relacionarmos com a criação e sobretudo com os nossos semelhantes.   
                       
Autoria deste texto:
Filhas da Caridade, Nacala

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